segunda-feira, 30 de maio de 2011

CONTO DE UM ATLETA TIANGUAENSE!

Existem situações que vale a pena comentar. Neste caso, vou comentar a viagem que fiz à Varjota. No último fim semana(20,21 22 de maio), para participar dos jogos abertos do interior, passamos por diversas situações que nunca vou esquecer. Essa viagem tinha tudo para dar errado mas mesmo assim conseguimos jogar  e trazer a medalha de bronze.

Nosso transporte estava marcado para sair de Tianguá às 9:00 da manhã de sexta-feira. Um imprevisto, fez com que saíssemos às 11:40. Já cansados de esperar, nos cansamos mais ainda na viagem. O micro-ônibus não podia passar dos 70 km/h. O que nos deixava impacientes para chegar  em nosso destino. Além disso, já estávamos muito atrasados e sem previsão se iríamos participar dos jogos ou não. Não sabíamos o caminho para Varjota, tivemos que perguntar. Pegamos uma estrada que iria para outro destino, mas por sorte fizemos o retorno a tempo. Achamos o caminho certo e então, seguimos em frente. Passamos pelo açude de Jaibaras e avistamos uma cachoeira de cair os olhos. Muito bonita.

As horas passavam e a esperança de chegarmos a tempo do nosso jogo já tinha sido descartada. passamos então por Cariré. Acho que passamos ao redor, pois avistei uma cidade ao longe. Passado Cariré, nosso próximo destino seria Varjota. A essa hora já estávamos mais de meia hora atrasados, e eu, particularmente, aflito. Com receio de que não desse certo, ou algo desse errado. Acho que não foi pessimismo, mas temos que estar preparados para as piores hipóteses.

Às 2:20 chegamos em Varjota, procuramos pela escola que seria o local dos jogos, mas antes deixamos as meninas do futsal em outra escola para seu jogo também. Quando enfim chegamos em quadra a outra equipe já estava pronta para o jogo, já passavam das 2:30 da tarde. Estávamos exaustos, por esperar o transporte chegar, pela viagem cansativa, pela fome, pois não tínhmos almoçado ainda, e pela sede. Sem contar com o calor de sertão que fazia naquele instante.

Como estávamos muito atrasados, primeiramente fomos perguntar aos juízes se ainda dava pra acontecer a partida. Eles disseram que sim. O time em quadra era Reriutaba, que concordaram com o início da partida. Saímos correndo feito loucos. E a arquibancada não estava entendendo nada. Corremos rapidamente até o micro-ônibus estacionado lá fora. E lá mesmo, vestimos nosso lindo uniforme estilo "Restart", coloridíssimo. Pedimos para os funcionários da escola uma sala para guardar nossas mochilas. Partimos em direção à quadra portando nossos documentos.

Foi aí que algo deu errado. Um de nosso colegas esqueceu de um documento. Esperamos por alguns minuto enquanto o coodenador dos jogos chegava para decidir o que seria feito. Ao chegar, a idéia foi a seguinte: o coordenador perguntou aos jogadores de Reriutaba se eles aceitariam jogar mesmo com um de nosso jogador pendente na documentação. Eles humildemente, aceitaram. Nos comprometemos a trazer o documento no dia seguinte e eles concordaram. Ficamos aliviados por conta disso, mais tínhamos um jogo pela frente. E o pior é que além de jogar contra eles, iríamos jogar contra nós mesmo. Afinal, tínhamos que vencer a fome, a sede e o calor, além de um pouco de constrangimento pelos uniformes. Com toda garra, alguns de nós pedindo água e reclamando do calor, ainda assim conseguimos vencer por 2x1. Fomos até agraciados com o apelido de "time do sertãozinho", mas ficamos honrados em ter a torcida a nosso favor. Foram muito simpáticos e nos fez perceber o quanto foram importantes em nossa vitória.

Vencemos, mas fomos humildes também com nossos adversários. Afinal, se eles não tivessem concordado, seríamos desclassificados sem nem mesmo jogarmos. Saímos de quadra confiantes para o próximo jogo contra Sobral no dia seguinte e quase desmaiando também. Ligamos para tanta gente para darmos a notícia!! e ao mesmo tempo ficamos sabendo que as meninas do futsal também haviam ganhado de moraújo, e com uma jogadora a menos. Nosso dever de representar nossa cidade começava a ser cumprido. Mas era só o começo. Muitos jogos ainda viriam, conquistas e decepções também.

Ficamos sabendo que ali não era a escola na qual iríamos ficar. Foi aí que a diretora da escola nos arrumou um micro-ônibus para nos levar até o nosso local de alojamento, mas antes passamos para pegar as meninas do futsal, todas muito felizes assim como nós.

Chegamos à escola onde iríamos nos alojar. Meninas em uma sala, meninos em outra. Fomos a primeira cidade a chegar. Ali ficariam Morrinhos, Irauçuba, jijoca e outra cidade que não me recordo, além de nós tianguaenses. No banheiro, tanto feminino quanto masculino, havia um único chuveiro. Porém, do lado de fora dos banheiros tinham 3 chuveiros que sempre eram usados.

Ainda na sexta à noite fomos procurar algum restaurante barato para jantarmos. Encontramos, e pedimos um PF de 6 reais. Depois disso, saímos em direção ao Liceu, do outro lado da cidade, para a abertura dos jogos. O engraçado é que quando estávamos chegando, ouvimos os nomes das cidades participantes serem chamados para o comparecimento no local. Deduzimos que a chamada era por ordem alfabética, e já estavam chamando Santa Quitéria, foi aí que corremos feito loucos pela rua. Rua esta, cheia de lama. Alguém de nós, que estava correndo na frente, jogou inconsequentemente com os pés uma tora de lama no André. Ele ficou furioso, mas a cena foi bem engraçada.

Terminado a abertura, voltamos ao alojamento. Aos poucos foram chegando os outros atletas participantes da cerimônia de abertura. Ficamos fazendo qualquer coisa para o tempo passar: dominó, baralho, palavras cruzadas, músicas no celular. Certa hora começamos a conhecer o povo que alí estavam. O pessoal do handebol de  Morrinhos que estava na sala do lado da nossa começaram a puxar assunto. E dentro de instantes fez-se uma roda e começamos a jogar baralho até altas horas da noite. Na hora de dormir tivemos que improvisar uma dormida, armamos nossa rede, ou melhor, estendemos nossas redes no chão e alí dormimos. Durante a madrugada aquele calor do dia se transformou num frio de lascar. O chão gelado se misturou com o vento que vinha dos 3 ventiladores ligados. Todos nós morremos de frio, porém, só desligamos os ventiladores no raiar do dia.

No sábado, acordamos muito cedo. Na mesma hora em que o resto de nossa delegação já estava a caminho de Varjota para os jogos daquele dia. Alguns de nós fomos lanchar enquanto o pessoal chegava. Eu, ainda um pouco preocupado com o jogo contra Sobral. Chegado o micro-ônibus com o vôlei feminino fomos em direção ao local dos jogos. Sobral não compareceu. Ganhamos por wxo, e passamos para as semifinais. Agora estávamos entre os 4 primeiros.

O time de alcântaras não compareceu também e o jogo que seria contra Santa Quitéria não aconteceu. Santa Quitéria quis joga conosco um amistoso, então, esperamos para ver se a coodernação dos jogos liberava. Mas não deu certo e a essa hora o micro já tinha voltado para o alojamento com os outros. Tivemos que voltar a pé num sol de rachar, o que causou a ira do André.

Já no alojamento, pensamos o que iríamos fazer para o almoço. As meninas do futsal foi quem organizaram tudo. Acho até que ficou melhor que a quentinha que compramos na noite anterior.

À tarde, era o jogo de vôlei feminino Tianguá x Moraújo, de lá mesmo elas voltariam à Tianguá para retornar no dia seguinte. Mais uma cena engraçada: o uniforme de Moraújo era azul e amarelo, idêntico ao uniforme dos correios. O André começou a chamá-las de carteiras. Foi engraçado, mas ao mesmo tempo desrespeitoso com as adversárias. Perdemos de lavada por 2x0. O time delas é muito mais superior. Depois da derrota voltei também à Tianguá.

No dia seguinte, domingo, saímos novamente atrasados. De 5:00 da manhã como estava marcado, saímos quase 6:00. O feminino ainda tinha um jogo pela frente e o masculino 2. Se passássemos pelo primeiro, teríamos a prata garantida. Chegamos em Varjota Quase em cima da hora do jogo, às 8 da manhã. Estávamos preparados pro que viesse. Dessa vez estávamos com uniformes mais adequados e tínhamos levado mais 3 jogadores, para servir de reforço para o "time do sertãozinho".

Contra Pacujá, percebemos que não estávamos preparados o suficiente. Erramos absurdos. Desperdiçamos bolas e demos muitos pontos de graça. Após o primeiro set, tentamos com garra vencer o segundo e levar para o "tie break". Mas não conseguimos. Se não tivéssemos errado tanto. Porém, o que mais me deixou inconformado é que neste segundo set, perdíamos por 7 pontos de diferença. Fomos buscar o prejuízo e conseguimos virar para 23x22, mas erros inexplicáveis nos levaram à derrota. Sai de quadra inconformado. E para completar, ainda tiramos uma foto. Sorriso de gelo, pelo menos da minha parte. Fomos então para a arquibancada assistir ao outro jogo Forquilha x Coreaú. O perdedor desse jogo nos enfrentaria na disputa por 3º lugar.

Logo após nosso jogo, o feminino entrou em quadra contra Forquilha. Conseguiram vencer o primeiro set. Mas se acomodaram e deixaram elas levarem para o set de desempate, o que ocasionou mais uma derrota. Acabaram em último lugar da chave única, mas como só havia 3 times, passaram também para a próxima fase.

De volta ao vôlei masculino Forquilha venceu e pegamos Coreaú logo após. Pensávamos que seria mais fácil. Mas logo perdemos o primeiro set. Já no segundo, jogamos melhor. Tirei até o tênis para não escorregar naquela quadra de sabão. Vencemos o segundo set e levamos pro "tie break". No último set estávamos mais concentrados. E geralmente, no vôlei, o time que leva o jogo pro "tie break" entra em quadra mais confiante, e o outro time, com o psicológico abalado. Se me recordo, acho que vencemos com uma grande diferença. Depois do apito final, pudemos respirar. E veio a sensação de quase dever cumprido, pois não era o 1º lugar. O bronze nos serviu de alerta para as próximas etapas. Mais treino, menos erros. Talvez tenha sido até justo, tendo em vista que os outros se prepararam mais que nós. Além disso o 1º lugar vai levar uma responsabilidade a mais para a próxima fase.

Saímos de quadra felizes da vida. Fomos almoçar no mesmo restaurante de sexta. Lá encontramos nossos adversários: Coreaú. Mesmo com a derrota mostraram-se simpáticos. Rolou até brincadeiras à parte da gente com eles. Tudo respeitosamente. Terminado o almoço. Fomos assistir as meninas do futsal na disputa pelo 3º lugar. Jogo emocionante! era contra Santa Quitéria. Destaque para a Andréia que não deixava passar nada. Terminou empatado de 2x2. Com prorrogação de 5 minutos. Toda a torcida da delegação tianguaense estava voltada para a quadra, mas no último minuto as adversárias fizeram um gol, desclassificando Tianguá. As meninas, algumas chorando, foram consoladas pela nossa torcida. Foram guerreiras e mereciam aquela vitória, mas infelizmente num jogo, apenas um ganha.

Último jogo terminado da delegação Tianguaense, voltamos para o alojamento. Pegamos nossas mochilas, nos despedimos dos outros atletas que lá estavam e voltamos todos, felizes pela participação. E por termos superado todas as dificuldades de ser um atleta sem apoio merecido. Levamos o nome do vôlei e do futsal Tianguaense para fora!!! quanta alegria!!!!!

Todos os esportistas Tianguaenses merecem um melhor amparo por parte da administração da cidade. Tantos obstáculos passados por nós, serviu para não nos intimidar-mos.

Ironicamente, Tianguá estará representado por um esporte que é pouco valorizado em nosso município. Essa competição serviu também para resgatarmos o vôlei que havia se perdido no tempo. Aquele vôlei que chegava até Fortaleza em últimas etapas de competições, o Festal , por exemplo. Nossa idéia também é atrair mais adeptos ao esporte e desde já aumentar a delegação tianguaense para as próximas competições. 

Que venha Morada Nova!!!!

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